Deuses para sempre: Federico Pisani

Federico Pisani e sua namorada, Alessandra. Foto: Atalanta.it
De volta com a coluna "Deuses para sempre" no Atalanta Brasil nesse 12 de fevereiro, para lembrar esta data, que ficará marcada para sempre na memória do torcedor atalantino. No dia 12 de fevereiro de 1997, a Atalanta, Bérgamo, o futebol italiano e a Itália acordaram de luto com a notícia da morte de Federico Pisani, jovem atacante de 22 anos, em um acidente automobilístico.

Natural de Capannori, com 46 mil habitantes, na província de Lucca, na Toscana, Federico Pisani nasceu no dia 25 de julho de 1974. Iniciou no futebol no Margine Coperta, equipe amadora da comuna de Massa e Cozzile, na província de Pistoia, cerca de 30 km distante de sua cidade natal. Logo após, mudou-se para Bérgamo e ingressou nas categorias de base da Atalanta, aonde foi treinado por Cesare Prandelli, atual comandante da seleção italiana. Na categoria Primavera, Pisani atuou com jogadores como Tomas Locatelli, Domenico Morfeo e Alessio Tacchinardi, que subiriam para o time principal posteriormente.

Pisani com a camisa atalantina. Foto: Reprodução
No dia 15 de março de 1992, com apenas 17 anos, "Chicco" (feijão, em italiano), como era chamado, fez sua estreia com a camisa do time principal, em um empate sem gols com o Cagliari, na Sardenha, atuando nos últimos sete minutos. Naquela temporada, entraria em campo em mais cinco oportunidades, vindo do banco, e não marcou nenhum gol. Em 1993-94, atuou em seis partidas e em sua primeira como titular, contra a Fiorentina, no dia 16 de maio de 1993, em Bérgamo, marcou seu primeiro gol como profissional. Na ocasião, a Atalanta bateu a viola por 2-1.

Ainda muito jovem, o Feijão foi emprestado ao Monza, em seu segundo ano após voltar para a Serie B, para ganhar experiência. O novato não pôde evitar o rebaixamento dos brianzoli, mas fez dois gols em 21 aparições.

Com um pouco mais de experiência, a melhor temporada de Pisani foi a de 1995-96, sendo titular por sete vezes, marcando quatro gols em 17 rodadas e um na Coppa Italia. Em 1996-97, defendeu a maglia  da Atalanta em dois jogos antes de sofrer uma grave lesão.

Então chegou o dia 12 de fevereiro de 1997, uma quarta-feira. Federico Pisani resolveu ir até Milão com sua namorada, Alessandra Midali, e mais um casal de amigos, para divertirem-se em um cassino. Por volta das duas horas da manhã, Chicco Pisani regressava a Bérgamo, porém, perdeu o controle de sua BMW, invadiu a pista oposta e colidiu com um pilar de sustentação de um viaduto. O casal de amigos, que estavam no banco traseiro, sobreviveu, mas a jovem Alessandra, de apenas 20 anos, e Pisani, tiveram suas vidas abruptamente interrompidas para sempre.

Jogadores da Atalanta dão adeus a Pisani. Foto: Reprodução
A notícia do acontecido abalou Bérgamo. Durante o funeral, a dor e comoção eram visíveis nas expressões dos familiares das vítimas e das cerca de quatro mil pessoas que foram dar o último adeus a Pisani. Seus companheiros de time, ex-jogadores atalantinos, como Vieri, Tacchinardi e Stromberg e o então treinador da Juventus, Marcello Lippi, que treinou a Atalanta em 1992-93, entre outros, também estiveram presentes naquele fatídico dia. Vários clubes, como Inter, Verona e Fiorentina prestaram homenagem enviando coroas de flores. O prefeito de Cappanori e um representante do Margine Coperta foram pessoalmente a despedida dos ainda menino e menina. Por fim, os caixões de Federico e Alessandra deixaram a catedral da cidade sob intensos e longos aplausos.

Apesar de todo o acontecido, a vida continuava para quem ainda a tinha. Então na Atalanta e amigo de Pisani, Filippo Inzaghi revelou, em entrevista ao site Bérgamo News, em 2011, que não queria jogar no domingo após a tragédia que abateu seu companheiro e que ainda pensa em Chicco.

"Ainda hoje penso muitas vezes em Chicco e a desgraça que o atingiu e a sua namorada. Nunca esqueci em todos esses anos e ele sempre terá um lugar em meu coração. Nós éramos muito próximos e tivemos um ótimo relacionamento fora do campo", disse Pippo. "Não queria mesmo jogar essa partida. Quatro dias após o acidente, a dor ainda era muito forte. Mas, então, entramos em campo para dedicar a vitória a ele. Seus pais foram em nosso vestiário antes e foram momentos de muita emoção para todos", completou Inzaghi, falando sobre o duelo contra o Vicenza, no domingo após a morte de Pisani.

Homenagem para Pisani na Curva Nord. Foto: Reprodução
Chegado o domingo, o estádio Atleti Azzurri d'Italia foi completamente tomado e uma camisa com o nome e o número 14 de Pisani foi colocada na "Curva Nord" do estádio, que passou a se chamar oficialmente de Curva Federico Pisani. A Atalanta bateu o Vicenza por 3-1 e todos os gols foram comemorados para Chicco. Foglio marcou o primeiro e correu, abraçado com os companheiros, em direção a camisa na Curva Nord, envolvendo todos com uma intensa emoção e lágrimas. O árbitro da partida, o sr. Braschi, foi sensível o suficiente para não aplicar a regra de cartão amarelo em comemorações "exageradas". Inzaghi fez os outros dois e também homenageou o amigo.

O presidente Ruggeri prestou justas considerações ao garoto de 22 anos, aposentando, de uma vez por todas, a camisa 14 e  com a colocação de uma placa no centro de treinamento da Atalanta, em reverência ao eterno Federico Pisani.

Confira abaixo alguns vídeos históricos sobre Federico Pisani:


Atalanta 3-1 Vicenza (16/02/1997) e as homenagens a Pisani:




Atalanta 2-1 Fiorentina (16/05/1993) - Primeiro gol de Pisani como profissional:



Cagliari 0-0 Atalanta (15/03/1992) - Primeiro jogo de Pisani na Atalanta:




Homenagem feita pelo canal oficial da Atalanta no Youtube aos 16 anos sem Federico Pisani:




Fontes: Bergamo News, Corriere della Sera, Transfer Markt

0 comentários:

Postar um comentário