CRISE SEM FIM

Atalanta não consegue reagir na Serie A e vive pior crise na temporada (Foto: Paolo Magni/Eco di Bergamo)
A Atalanta vive o pior momento no campeonato. São 12 partidas seguidas sem vencer, com seis derrotas e seis empates. Pior campanha e única equipe que não conseguiu ganhar nesse período entre todos os participantes da Serie A. O pífio aproveitamento de 16,6% não passa nem perto dos 50% nas primeiras 16 rodadas da competição. A queda brusca de produção começou na derrota fora de casa para o Chievo, por 1 a 0, no dia 13 de dezembro, e seguiu com um revés normal contra o Napoli, fechando o ano de 2015. A partir de então, um fator importante entrou em cena: o mercado de transferências de inverno. Foram apenas três saídas de jogadores importantes, mas uma, em especial, foi capaz de agravar os problemas dos neroazzurri. O atacante German Denis voltou à Argentina, mas estava amargando a reserva ultimamente. O jovem volante Alberto Grassi tem potencial para chegar à Seleção Italiana e fez uma primeira metade de campeonato muito boa. Além de ser ótimo ladrão de bolas, possui uma visão de jogo acima da média para armar e aparecer à frente. Apesar de precoce, a saída do garoto para o Napoli não representa um grande problema para um meio campo que tem bons valores como Cigarini, De Roon e Kurtic. No entanto, o time ainda não conseguiu absorver taticamente a saída do meia-atacante Maxi Moralez, negociado com o León, do México.

O baixinho de apenas 1,60 m chegou a Bergamo em 2011 para a primeira temporada da Dea no retorno à Serie A. Com uma passagem frustrada pelo FC Moscou em 2007, então com apenas 20 anos, o argentino voltou ao futebol europeu pela Atalanta, depois de três ótimos anos atuando pelo Velez Sarsfield. Assim como qualquer talento estrangeiro, foi para a Atalanta buscando chegar a uma equipe maior na sequência. Passou quatro temporadas e meia vestindo a camisa neroazzurra e, talvez, não tenha desenvolvido todo seu potencial por ter sido mal aproveitado pelo então técnico Stefano Colantuono. O ex-comandante, conhecido pela retranca, costumava usar o esquema 4-4-1-1, com dois alas abertos no meio e Moralez fazendo a ligação ao ataque. Mas foi com Edy Reja que o argentino encontrou seu melhor momento na Itália. Com mentalidade ofensiva, Reja é adepto do 4-3-3, com dois atacantes abertos nas pontas. Foi nesse sistema, sendo o homem pela direita, fazendo dupla com Papu Gómez, na esquerda, que Maxi encontrou o ápice.

Movimentação de Moralez em Atalanta x Carpi (18/10/2015)
Moralez e Gómez são jogadores de baixa estatura, mas que correm bastante e se movimentam o tempo todo. Não eram raros os momentos que os dois, bem entrosasdos, invertiam de posição para dificultar a marcação. Como mostra os mapas de calor abaixo do site Corriere dello Sport, Moralez costumava ocupar grande parte do setor ofensivo. Bem diferente de D'Alessandro, substituto natural do meia-atacante. O jogador também atuou na ponta direita em quatro partidas, mas, como mostra o mapa de calor, o italiano fica mais plantado na lateral direita de ataque. Contratado em janeiro, Alessandro Diamanti é quem mais se aproxima das características de Moralez. O veterano foi titular em três jogos e mostrou uma boa movimentação em campo, também caindo pelo lado esquerdo. No entanto, o ex-jogador de Bologna e Fiorentina ainda carece de entrosamento com os novos companheiros. Edy Reja chegou a testar o 3-5-2 por algumas rodadas, mas o time não se adaptou a nova formação. O experiente treinador bate cabeça para fazer a equipe voltar aos trilhos, mas, a essa altura da crise, falta confiança aos jogadores que têm medo de errar.

Movimentação de D'Alessandro contra a Udinese (06/01/2016)
Movimentação de Diamanti contra o Verona (03/02/2016)
Contra o Carpi, no último final de semana, a Atalanta foi novamente um time engessado em campo. Perdeu a sua principal arma que era a velocidade pelos lados do campo. Com a lesão de Papu Gómez, esse quadro ficou ainda mais generalisado. Contra uma das piores equipes do campeonato, a Dea ficou refém dos lançamentos longos em uma partida travada com mais de 50 faltas. Mesmo assim, os neroazzurri conseguiram abrir o placar, mas cederam o empate em um pênalti infantil cometido por Borriello. Falhas que não são aceitáveis em um torneio tão disputado como a Serie A e que, se não fosse pelo ótimo início, poderiam (e ainda podem) custar muito caro à Atalanta. As conversas na imprensa italiana dando conta da saída de Reja já começaram, mas é difícil imaginar uma solução rápida para um time que se enfraqueceu tanto após o mercado de transferências de janeiro.

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